Livro de Kirtan
Siddhi-Lālasā
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1
- kabe gaura-vane suradhunī-taṭe
- ‘hā rādhe hā kṛṣṇa’ ba’le
- kā̐diyā beḍāba deha-sukha chhāḍi’
- nānā latā-taru-tale
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kabe–Quando [vou] chhāḍi’–abandonar [os] sukha–prazeres deha–do corpo beḍāba–[e] vaguear taṭe–às margens suradhunī–do Ganges tale–sob nānā–várias taru–árvores [e] latā–trepadeiras vane (vihāra-kṣetre)–na floresta (de Śrī Nabadwīp Dhām) gaura (śrī gaurasundarer)–de Śrī Gaurasundar kā̐diyā–chorando [e] bale–dizendo hā–ó! rādhe–Śrīmatī Rādhārāṇī hā–ó! kṛṣṇa–Kṛṣṇa?
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Quando vou abandonar todos os prazeres corporais e vaguear ao longo das margens do Ganges sob as árvores e trepadeiras nas florestas de Śrī Gaurasundar, chorando e gritando: “Ó Rādhā! Ó Kṛṣṇa!”?
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2
- śva-pacha-gṛhete māgiyā khāiba
- piba sarasvatī-jala
- puline puline gaḍāgaḍi diba
- kari’ kṛṣṇa-kolāhala
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[Quando] khāiba–vou comer māgiyā–mendigando gṛhete–nas casas śvapacha (kukura māṁsa-bhojī chaṇḍāla)–de pessoas de baixa classe que comem carne de cachorro piba–[e] beber jala–a água saraswatī–do rio Sarasvatī? puline–Nas margens puline–ao longo das margens [do Ganges] gaḍā-gaḍi–rolando no chão diba kari’–vou dar kolāhala–um alarido: Kṛṣṇa–Kṛṣṇa!
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Quando eu vou comer mendigando comida nas casas dos párias comedores de cachorro e beber a água do rio Saraswatī? Quando vou estar de novo às margens do Ganges, e às gargalhadas chamar:“Kṛṣṇa!”?
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3
- dhāma-vāsī jane praṇati kariyā
- māgiba kṛpāra leśa
- vaiṣṇava-charaṇa- reṇu gāya mākhi
- dhari’ avadhūta-veśa
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[Quando vou] kariyā praṇati–prestar reverência jane–às pessoas vāsī–residentes dhāma–da morada sagrada māgiba–[e] implorar leśa (kaṇā)–por um traço (uma partícula) kṛpāra–da misericórdia dhari’–vestindo veśa–o traje avadhūta–de um mendicante itinerante transcendental ao varṇāśram-dharma, cujo comportamento extático, puramente devocional e incompreensível (e desprezado) para pessoas mundanas (e devotos neófitos) mākhi’–espalhando gāya–no corpo reṇu–a poeira charaṇa–dos pés vaiṣṇava–dos devotos?
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Quando vou me curvar diante dos residentes da morada de Śrī Gaurasundar e mendigar por uma partícula de sua misericórdia? Quando vou usar a veste de um avadhūt e espalhar sobre meu corpo a poeira dos pés dos devotos?
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4
- gauḍa-vraja-vane bheda nā heriba
- ha-iba varaja-vāsī
- dhāmera svarūpa sphuribe nayane
- ha-iba rādhāra dāsī
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[Quando] nā heriba–não verei bheda–diferença [entre] jane (parikara, bhagavat pārṣada)–as pessoas (séquito, associados do Senhor) gauḍa (śrī-gauḍa-maṇḍala)–do distrito de Gauḍa [e as pessoas] vraja (śrī vraja-maṇḍala)–do distrito de Vraja ha-iba–[e] me tornarei vāsī–um residente varaja (vraja)–de Vraja? [Quando] svarūpa (chidānanda svarūpa)–a natureza verdadeira (natureza espiritual extática) dhāmera–da morada (de Vraja) sphuribe–se manifestará nayane–ante os meus olhos? [Quando] ha-iba (lābha kariba)–eu me tornarei (Eu obterei) dāsī (kaiṅkarya)–uma serva (servidão) rādhāra–de Śrīmatī Rādhārāṇi?
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Quando eu não verei nenhuma diferença entre os residentes de Gauḍa e os residentes de Vraja, e me tornarei um residente de Vraja? Quando a verdadeira natureza da morada do Senhor se manifestará diante dos meus olhos? Quando vou me tornar uma serva de Śrī Rādhā?